Africanos divididos com regresso de Trump à Casa Branca
22 de janeiro de 2025Alguns cidadãos ouvidos pela DW entendem que este segundo mandato do Presidente dos EUA é uma oportunidade para reestruturar as relações EUA-África, outros continuam de pé atrás com as suas políticas.
"África é hoje incontornável. A posição de África é vital para a paz e a consolidação da estabilidade global", sublinha um cidadão africano.
"Durante o seu primeiro mandato, ele não mostrou qualquer interesse em trabalhar ou colaborar com os africanos", lembra outro.
"Para o segundo mandato de Donald Trump, espero que ele se concentre na construção de mais parcerias com os países africanos, dos quais o Gana faz parte."
Decretos contra a imigração
No seu primeiro dia no cargo, Donald Trump assinou cerca de cem ordens executivas que incluem a revogação de dezenas de políticas do seu antecessor, Joe Biden. As reações às medidas anunciadas têm-se multiplicado e também se dividem. Há quem apluda e há quem esteja em choque.
Entre as medidas mais criticadas, estão decretos contra a imigração, o indulto dos condenados pelo ataque ao Capitólio em 2021 e a saída do Acordo de Paris sobre o clima e da Organização Mundial da Saúde (OMS). No que diz respeito aos direitos LGBTQ+, Trump assinou uma diretiva que estabelece o reconhecimento de apenas dois géneros no país - o masculino e o feminino.
À DW, o analista político Etsey Sikanku frisa que a mensagem de Donald Trump é clara: "Sobre como África se deve posicionar, eu penso que está claro. Donald Trump é um livro aberto. Ele deixou claro que a sua política é a América em primeiro lugar."
Trump "menos globalista"?
As esperanças também não são muitas no que toca às medidas económicas de Trump. "Ele também disse que não tem interesse em alargar a Lei do Crescimento e das Oportunidades para África (AGOA)", lembra Etsey Sikanku.
"Disse que vai aumentar as tarifas sobre as importações em 10% e claro que África vai ser afetada por isso. Portanto, eu acho que as nações africanas devem preparar-se para um Donald Trump menos globalista", considera o analista.
Também em declarações proferidas esta terça-feira (21.01), o líder do maior partido da oposição angolana alertou para o discurso de tomada de posse de Donald Trump. Segundo Adalberto Costa Júnior, Trump "está a vender uma América de sonhos e a fechar os interesses americanos".
O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) frisou ainda o facto de nenhum líder africano ter sido convidado para a tomada de posse da nova administração norte-americana.
"Veja o discurso do Trump: nós, nós, nós, nós e nós. É por causa disso que nós angolanos devemos saber unirmo-nos e defender o interesse nacional. Não foi convidado nenhum líder africano, há representantes dos monopólios que estiveram lá na cerimónia", salientou.