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PolíticaAlemanha

Scholz inquieto com apoio de Musk à extrema-direita

DW (Deutsche Welle)
4 de janeiro de 2025

Apoio público de Elon Musk ao partido de extrema-direita AfD preocupa os principais dirigentes na Alemanha, que receiam uma influência indevida na democracia alemã antes das eleições antecipadas de fevereiro.

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 Olaf Scholz (esq.) e Elon Musk (dir.)
Olaf Scholz (esq.) e Elon Musk (dir.) Foto: Soeren Stache/dpa/picture alliance | Alain Jocard/AFP/Getty Images

Numa entrevista à revista alemã Stern, publicada este sábado, Scholz afirmou que, embora não se sinta incomodado com os ataques do bilionário da tecnologia norte-americana contra ele e outros políticos alemães, o apoio de Musk ao partido de extrema-direita, Alternativa para Alemanha (AfD) é muito mais preocupante.

"Muito mais preocupante do que esses insultos é o facto de Musk apoiar um partido de extrema-direita como o AfD, que defende a aproximação à Rússia de Putin e procura enfraquecer as relações transatlânticas", disse o chanceler à revista alemã.

Recentemente, Musk apoiou o partido AfD num longo artigo de opinião publicado no jornal alemão Welt am Sonntag. 

A inteligência alemã está a monitorizar o partido de extrema-direita como uma organização extremista suspeita, e algumas secções estaduais do partido já receberam essa designação.

O partido obteve enormes ganhos no leste da Alemanha nas recentes votações regionais e quase duplicou a sua popularidade, medida nas sondagens de opinião, para cerca de 20%, no período que antecedeu as eleições antecipadas de 23 de fevereiro.

Espera-se que Musk tenha uma conversa direta com a líder do AfD, Alice Weidel, a 9 de janeiro.

O Chanceler Scholz e o patrão da Tesla, Musk, na inauguração da Gigafábrica da Tesla em Berlim
O Chanceler Scholz e o patrão da Tesla, Musk, na inauguração da Gigafábrica da Tesla em BerlimFoto: Patrick Pleul/dpa/picture alliance

Scholz: "É preciso manter a calma"

Elon Musk, um dos principais conselheiros do Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, tem vindo a comentar a política alemã na sua plataforma de redes sociais X há já alguns dias.

Chamou Scholz de "tolo" e o presidente Frank-Walter Steinmeier de "tirano antidemocrático". O chanceler alemão reagiu, e disse que os insultos de magnatas ricos dos media são normais.

"Como social-democratas, estamos habituados, desde o século passado, a empresários ricos dos meios de comunicação social que não apreciam a política social-democrata - e não têm vergonha de expressar as suas opiniões", disse Scholz à Stern, referindo-se ao seu Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda.

Embora as suas vozes tenham um maior alcance com a evolução dos media, a situação não é nova, disse o chanceler. "É preciso manter a calma", disse ele, enquanto vários políticos alemães expressavam irritação.

"Pedido pessoal"

Musk, em 2022, tinha feito um pedido pessoal a Scholz durante um telefonema sobre os planos do governo federal para subsidiar estações de carregamento elétrico em todo o país. A Tesla, de propriedade de Musk, opera seu próprio sistema de estações de carregamento na Alemanha.

"Não é segredo que a Tesla era contra o financiamento do governo para as estações de carregamento elétrico na Alemanha", disse o chanceler, sugerindo que os comentários de Musk resultam de insatisfação empresarial.

O vice-chanceler alemão, Robert Habeck
O vice-chanceler alemão, Robert HabeckFoto: Christian Marquardt/Getty Images

Por outro lado, o vice-chanceler alemão, Robert Habeck, tem defendido uma posição mais dura face ao magnata. "Tire as mãos da nossa democracia, Sr. Musk!" disse Habeck à revista alemã Der Spiegel quando questionado se Musk era uma ameaça para a Alemanha. Ele criticou o apoio declarado de Musk ao partido de extrema-direita AfD.

Interesses  

Habeck disse que o bilionário Elon Musk, que deverá ter um papel proeminente no próximo governo dos EUA, está a fazer tudo o que pode para promover os seus próprios interesses.

"A combinação de uma riqueza imensa, o controlo da informação e das redes, a utilização da inteligência artificial e a vontade de ignorar as regras é um ataque frontal à nossa democracia", afirmou Habeck.

Habeck descreveu ainda o recente artigo de Musk a apoiar o AfD como "horrível" e avisou que as suas tentativas de influenciar a política alemã não devem ser subestimadas.

"O homem mais rico do mundo, dono de uma das plataformas de comunicação mais poderosas, apoia abertamente um partido que é, em parte, de extrema-direita. Não devemos cometer o erro de ignorar este facto", afirmou.

À lupa: O que é preciso para antecipar eleições na Alemanha?