Chapo apela à reconciliação, mas partes desavindas ausentes
16 de janeiro de 2025A primeira atividade de Daniel Chapo após ser proclamado Presidente da República, na quarta-feira, foi participar num encontro, em Maputo, que visava trabalhar o perdão, arrependimento e reconciliação.
Chapo, que disse acreditar em Deus, evocou Moisés e toda a sua simbologia da terra prometida para mostrar o seu compromisso para com o povo e o país.
"[Estamos] unidos do Rovuma ao Maputo, daí a necessidade de todos nós trabalharmos para consolidarmos a paz e a reconciliação nacional e sobretudo colocarmos no coração de cada um dos moçambicanos esta necessidade de perdão", vincou o chefe de Estado.
"É importante consolidarmos a nossa unidade nacional. Ela é o alicerce das nossas vitórias", acrescentou Chapo.
Mas num evento que clamava por reconciliação, causou estranheza não estarem presentes todas as partes desavindas.
Os organizadores garantem ter convidado outras sensibilidades políticas. Porém, o Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) negou.
"O PODEMOS não recebeu qualquer convite para a participação neste evento", afirmou o porta-voz do partido, Duclésio Chico, em declarações à DW.
Liberdade "foi ferida"
A aceitação de Chapo como Presidente da República foi a mensagem que uma maioria deixou transparecer no evento desta quinta-feira, em Maputo.
A crítica às consequências dos protestos pós-eleitorais ficou nas entrelinhas dos discursos de alguns líderes religiosos, mas também a insurgência de um aparente crente que exigiu a devolução dos "votos roubados".
O homem foi retirado rapidamente da sala pela segurança, impedido a perturbação dos que defendem o perdão, arrependimento e reconciliação.
Teria sido uma oportunidade para os participantes darem um passo verdadeiro rumo ao seu objetivo?
"O incidente que teve lugar nesse culto fere gravemente o princípio da liberdade religiosa, porque o culto era mesmo para reconciliação, arrependimento e perdão", opina o líder religioso João Castanheira.
Qualquer comentário é válido sempre, diz Castanheira. "Aquele era o momento de chamar a pessoa e dizer para ela falar, e nunca o expulsar, restringindo essa liberdade de a pessoa expressar os seus sinceros sentimentos em relação à situação política do país."
Castanheira pede que "os autores desse atentado" sejam "veementemente condenados".