Cuando e Cubango: Angolanos indignados com telecomunicações
21 de janeiro de 2025Custos dos tarifários com alterações frequentes, qualidade insuficiente em grande parte da província e a preferência pelos serviços da Namíbia refletem as dificuldades enfrentadas pelos utilizadores de telecomunicações nas províncias do Cuando e do Cuango, no sul de Angola.
Para Ray Raimundo, professor e cliente, o descontentamento generalizado com os serviços de telecomunicações é mais sentido no caso da UNITEL.
"A UNITEL nos últimos tempos tem prestado um serviço que deixa a desejar. Para nós clientes isto é uma questão indiscutível, basta olharmos para o custo dos serviços que se tem constatado no aumento de tarifários registado atualmente", lamenta.
No mês passado, a UNITEL alterou os bem como os custos associados, o que gerou descontentamento social.
O professor e jornalista Pedro Timóteo é um dos vários angolanos que estão indignados com as alterações. "Havia três planos, este último que foi colocado agora, só para se ter uma noção, passou a ser duas vezes mais caro. Como se compreende? Pelo menos merecíamos alguma explicação", sublinha.
UNITEL "perdeu qualidade"
Pedro Timóteo diz que, desde que foi nacionalizada, a UNITEL perdeu a qualidade que tinha quando estava sob a gestão da empresária Isabel dos Santos, afastada da companhia em 2022, com a nacionalização da mesma pelo Governo de João Lourenço.
"Depois de passar para a esfera do Estado, claramente o Estado deve ter deixado de fazer investimentos na mesma, resultando em péssima qualidade dos seus serviços. Tínhamos uma qualidade para esquecer de internet. Você contratava determinada velocidade em megabytes por segundo e não chegava a ser esta quantidade de megabytes que usavas", recorda este utilizador.
Pensava-se que com a entrada em órbita do Angosat-2 os serviços de telecomunicações em Angola melhorassem. O lançamento do satélite de comunicação angolano custou ao erário público 320 milhões de dólares (cerca de 329 milhões de euros):
O engenheiro informático Guilherme Candiongo sugere várias medidas para reverter a alegada perda de qualidade nos serviços. "Investimentos em infraestrutura, isto é muito necessário e importante, regulação e supervisão governamental, abertura de mercado, parceiros públicas e privadas, capacitação técnica e foco no cliente", exemplifica.