São Tomé defende compra de equipamentos não letais
20 de outubro de 2019O Conselho Superior de Defesa Nacional são-tomense defendeu neste sábado (19.10) a "aquisição mais breve possível" de "equipamentos não letais" para forças policiais, evitando "colocar em risco vidas humanas" em caso de manifestações violentas como a de quarta-feira.
Num comunicado distribuído neste sábado (19.10), ao final de mais de três horas de uma reunião dirigida pelo Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, Evaristo Carvalho, o Conselho Superior de Defesa Nacional (CSDN) recomendou também "a intensificação de ações de formação e treinos dos profissionais das forças e serviços de segurança".
O encontro convocado pelo chefe de Estado destinou-se a analisar os acontecimentos de quarta-feira, em que um adolescente morreu atingido por uma bala alegadamente disparada por um agente policial, quando manifestantes tentavam assaltar a catedral da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em São Tomé, em protesto contra a prisão, na Costa do Marfim, de um cidadão são-tomense, pastor desta igreja.
Contornos violentos
"O Conselho constatou com preocupação os contornos violentos que assumiram as manifestações de solidariedade para com o cidadão preso no estrangeiro e aconselhou a prossecução dos esforços já em curso através de canais apropriados com vista à melhor saída", refere o comunicado de nove parágrafos.
O Conselho Superior de Defesa Nacional manifestou "profundo sentimento de pesar e de solidariedade para com os familiares da vítima" e "reforçou o apelo de Evaristo Carvalho e do Governo "para que seja instaurado um inquérito com vista ao apuramento das responsabilidades pela morte do adolescente".
O CSDN, órgão de consulta do Presidente da República para assuntos de defesa e segurança lançou "um veemente apelo a todas as forças da nação para se absterem de todas as ações que possam provocar situações de intolerância, discórdia e violência, pondo em risco a paz social e a integridade de pessoas e bens".
Recomendou ainda aos responsáveis de diferentes partidos políticos do poder e da oposição para "chegarem a concórdia e entendimento" sobre "assuntos de interesse nacional, evitando assim crispações e perseguições de natureza política".
Caso
Um cidadão são-tomense, Uidumilo Veloso, pastor da IURD há 14 anos na Costa do Marfim, foi preso por denúncias de alegada difamação e calúnias na rede social Facebook contra esta igreja feitas por um representante desta mesma instituição, tendo a mulher, grávida, sido deportada para São Tomé.
No dia 09 de outubro, o Parlamento são-tomense ameaçou banir a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em São Tomé, caso em oito dias o pastor desta congregação religiosa preso na Costa do Marfim não seja libertado e reenviado para o seu país.
Nas primeiras horas de quarta-feira cidadãos vandalizaram as igrejas da IURD em várias localidades do país, culminando na tarde deste mesmo dia com o assalto da sede central da igreja universal na capital são-tomense, durante o qual um adolescente morreu por balas disparadas por agentes da polícia.
O Presidente são-tomense, Evaristo Carvalho, instou sexta-feira o Governo a fazer um "inquérito exaustivo, imparcial e célere" sobre as ocorrências que envolveram a morte de um adolescente e destruição de várias Igrejas Universal do Reino de Deus (IURD).
"Urge fazer um balanço, com serenidade e racionalidade, dos tristes acontecimentos e assacar as responsabilidades. O inquérito exaustivo, da responsabilidade do Governo, sobre todas as ocorrências deverá ser imparcial e célere", disse Evaristo Carvalho num comunicado lido pela sua assessora de comunicação, Hélia Fernandes.