Alemanha fica para trás
10 de setembro de 2008A Alemanha está cada vez mais em desvantagem na formação de estudantes altamente qualificados quando comparada com outros países desenvolvidos. O alerta é de um estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta quarta-feira (10/09).
Tanto o número de estudantes que iniciaram seus estudos como o dos que concluíram o ensino superior subiu na Alemanha entre 2000 e 2006 – porém menos do que em outros países. Se, na média dos 30 países da OCDE, 37% dos estudantes deixam a universidade com o canudo na mão, no país o percentual é de apenas 21%.
"Apesar de alguns avanços, a Alemanha continua perdendo terreno na formação de pessoal altamente qualificado", afirmou a diretora da OCDE Barbara Ischinger. Conforme o relatório da organização, a tendência é a situação piorar ainda mais nos próximos anos.
Entre 2000 e 2006, o percentual de jovens que concluiu o ensino superior passou de 18% para 21% na Alemanha. Nos países da OCDE, saltou de 28% para 37%. Na média dos 21 países, 56% dos jovens ingressam nas universidades e escolas superiores. Na Alemanha, são apenas 37%.
Faltam investimentos
Na Alemanha, a falta de pessoal é mais acentuada nas ciências naturais e nas áreas técnicas, nas quais o número de jovens altamente qualificados está muito abaixo do esperado, segundo a OCDE.
Outro problema apontado pelo relatório é a falta de investimentos. Em 2005, os 30 países da OCDE investiram, em média, 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação. A Alemanha, no mesmo ano, foram gastos 5,1%. Se essa política for mantida, a competitividade alemã no mercado internacional estará ameaçada, alertou Ischinger.
A Alemanha vai bem, porém, na pós-graduação. O percentual de doutores entre os jovens é de 2,3% na Alemanha, acima da média de 1,4% da OCDE. Estudantes estrangeiros respondem por um em cada oito doutorados concluídos na Alemanha.
As mulheres correspondem a 55% dos estudantes que ingressam no ensino superior. Nas salas de matemática e informática, elas são 35%, também acima da média da OCDE, de 27%.
Reações
A indústria alemã se mostrou preocupada com o relatório. O vice-presidente da Confederação das Associações de Trabalhadores Alemães (BDA), Gerhard Braun, disse ao diário Handelsblatt que os resultados mostram como a Alemanha necessita urgentemente de uma estratégia para melhorar a qualidade da formação em todos os setores.
O presidente da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), Ludwig Georg Braun, defendeu em entrevista ao mesmo jornal que o governo federal e os estados devem chegar a um acordo que flexibilize o acesso ao ensino superior, permitindo o ingresso de mais jovens. Para outubro está programada uma cúpula para debater a educação na Alemanha.