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ReligiãoGlobal

O que esperar do Jubileu de 2025 da Igreja Católica

Publicado 24 de dezembro de 2024Última atualização 27 de dezembro de 2024

Ano Santo de 2025 foi inaugurado pelo papa Francisco na véspera de Natal. Veja o que está sendo planejado para o megaevento que visa revigorar a Igreja e atrair milhões de fieis a Roma.

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Papa Francisco abre a "Porta Santa" do Vaticano
Em 8 de dezembro de 2015, papa Francisco abriu a "Porta Santa" do VaticanoFoto: VINCENZO PINTO/AFP/Getty Images

Os trabalhadores da construção civil em Roma têm trabalhado pesado durante semanas, enquanto bispos ao redor do mundo motivam os católicos a visitar a Cidade Sagrada. No dia 24 de dezembro, véspera de Natal, o papa Francisco abriu o Jubileu de 2025, o chamado "Ano Santo".

Trata-se, primeiramente, de um evento religioso tradicional: uma peregrinação solene às basílicas de São Pedro e São Paulo e outras igrejas em Roma.

O primeiro Ano Santo foi realizado em 1300. Não é, porém, apenas uma tradição religiosa; é também uma importante fonte de rendimentos. Especialistas estimam que cerca de 30 milhões de visitantes adicionais virão a Roma em 2025 em razão do Jubileu.

Um "despertar espontâneo" histórico

Jörg Ernesti, um teólogo católico baseado na cidade bávara de Augsburg, descreve o ano de 1300 como "um despertar espontâneo". Na época, a chegada a Roma de um grande número de peregrinos levou o papa Bonifácio 8º a declarar um "Ano Jubileu", também chamado de "Ano Santo". Contudo, aquele ano especial não começou na véspera de Natal, mas no final de fevereiro, com a bula papal. Bonifácio também usou a ocasião para se defender contra acusações de heresia.

Bonifácio estipulou originalmente que os Anos Santos deveriam ser declarados a cada 100 anos. Mas, em 1350, quando o papado enfrentava uma crise profunda em meio a uma sucessão de sete papas que residiam em Avignon, foi declarado um segundo Ano Santo. Desde o século 15, o Jubileu passou a ser celebrado a cada 25 anos.

Ernesti diz que "o aspecto financeiro sempre desempenhou um papel", mas acrescentou que "a solidariedade da Igreja universal através do Ano Santo é sempre importante."

O Vaticano também sempre proclama uma "indulgência" do Jubileu durante Ano Santo. Isso significa que se os "verdadeiramente penitentes" fizerem uma peregrinação a pelo menos uma grande Basílica Papal em Roma, ou à Terra Santa, eles receberão o perdão total de todos os seus pecados na vida após a morte.

O Ano Santo mais recente foi em 2016, sendo chamado de Jubileu Extraordinário por ter sido proclamado pelo papa Francisco antes do ciclo usual de 25 anos. Ele o anunciou como um Jubileu da Misericórdia em 13 de março de 2015, exatamente dois anos após sua eleição para o pontificado. Haverá também mais um Ano Santo em 2033, que marcará o 2000º aniversário da morte de Jesus por crucificação.

Evento de mídia global

Jörg Ernesti tinha 8 anos na véspera de Natal de 1974. Ele se lembra vividamente de assistir a uma transmissão ao vivo pela televisão com sua família do papa Paulo 6º (1963-1978) anunciando a abertura do Jubileu na praça de São Pedro, em Roma. Cerca de 40 estações de TV transmitiam o evento ao vivo para cerca de 8 bilhões de espectadores.

Paulo 6º foi o primeiro chefe da Igreja Católica a transformar o Ano Santo em um evento de mídia global. Ele se tornou presidente do Concílio Vaticano 2, realizado de 1962 a 1965, criado para a renovação da Igreja ao longo de quatro anos – especialmente no que diz respeito a sua atitude em relação à liberdade religiosa.

Luce, um figura de peregrinação em estilo mangá. será o primeiro mascote do Jubileu
Luce, um figura de peregrinação em estilo mangá. será o primeiro mascote do JubileuFoto: tokidoki/Simone Legno/Vatikan/dpa/picture alliance

A atitude fez com que Paulo 6º colecionasse muitos críticos, tanto conservadores quanto progressistas. Ele, portanto, dedicou o Jubileu de 1975 à Renovação e Reconciliação, como era oficialmente chamado aquele Ano Santo. O pontífice foi pioneiro ao dar ao Ano do Jubileu um título temático, prática que continua até hoje.

No final de 2015, o papa Francisco anunciou um Jubileu extraordinário para o 50º aniversário do fim do Concílio Vaticano 2. O lema daquele ano foi: "Misericordiosos como o Pai". Assim, Francisco desejou promover o tema da misericórdia, que adotou para sua própria vida, para todo o mundo. Com um gesto muito especial apenas para aquele Jubileu, o papa permitiu que dioceses ao redor do mundo montassem uma "porta santa" em sua igreja, que os peregrinos pudessem visitar.

"Peregrinos da esperança"

O Jubileu de 2025 é intitulado "Peregrinos da Esperança". Este lema reflete de perto como Francisco vê seu próprio papel, assim como o da Igreja, em um mundo cheio de crises e conflitos. Ele vem dizendo há anos que o mundo parece estar vivenciando uma Terceira Guerra Mundial, uma que é globalizada e afeta as pessoas mais pobres. Ele também criticou veementemente as exportações de armas e as guerras.

O Ano Santo não deve ser entendido apenas como uma tradição. Jörg Ernesti explica que "nem tudo o que associamos a ele hoje estava lá no início". A "Porta Santa", por exemplo, assim como o martelo para "abrir a porta" e o posterior "tijolamento da porta" no final do ano, foram adições que surgiram muitos séculos depois do ano 1300. Dessa vez, Francisco decidiu que simplesmente vai "empurrar a porta" para então passar por ela. A Porta Santa é o portal direito da Basílica de São Pedro, que está sempre fechada.

O Jubileu de 2025 também contará com algumas inovações. Uma delas é o primeiro mascote do Jubileu: Luce, um figura de peregrinação em estilo mangá criada para atrair principalmente os jovens, os quais o Vaticano espera que compareçam aos milhões em Roma no final de julho.

Em 6 de setembro, haverá uma peregrinação de membros da comunidade LGBTQ+ à Basílica de São Pedro, evento que aparecerá pela primeira vez no calendário oficial de peregrinações.

Christoph Strack Repórter, escritor e correspondente sênior para assuntos religiosos@Strack_C