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TerrorismoVaticano

Papa relata ter escapado de tentativa de assassinato em 2021

17 de dezembro de 2024

Em autobiografia que será lançada em janeiro, Francisco conta que duplo ataque de terroristas suicidas durante sua viagem ao Iraque foi impedido após alerta da inteligência britânica e ação da polícia local.

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Papa Francisco no Iraque em 2021
Francisco em 2021, durante sua viagem ao IraqueFoto: Andrew Medichini/AP/picture alliance

O papa Francisco escapou de uma tentativa de assassinato durante uma histórica viagem ao Iraque em março de 2021, de acordo com trechos de sua autobiografia revelados nesta terça-feira (17/12) pela imprensa italiana.

Segundo o texto, após a chegada do papa a Bagdá, a equipe de segurança do pontífice no Vaticano recebeu um aviso urgente dos serviços de inteligência britânicos sobre um duplo ataque planejado por terroristas suicidas.

"Uma mulher cheia de explosivos, uma jovem suicida, estava indo em direção a Mossul para se explodir durante a visita papal", escreveu Francisco no livro Esperança: A Autobiografia.

"E uma van também partiu em grande velocidade com a mesma intenção", acrescentou, de acordo com trechos do livro publicados pelo jornal italiano Corriere della Sera. Mossul, no norte do Iraque, seria visitada pelo papa no terceiro dia da sua viagem ao Iraque.

Os dois agressores acabaram sendo interceptados e mortos pela polícia iraquiana antes que pudessem detonar explosivos.

"O comandante respondeu laconicamente: ‘Eles não estão mais aqui'”, escreveu Francisco no livro, ao relatar um diálogo com sua equipe de segurança após o episódio. "A polícia iraquiana os interceptou e os fez explodir. Isso também me impressionou: é mais um fruto venenoso da guerra."

Foto de 2021 mostra o papa Francisco falando para o público de cima de um palanque montado numa praça em Mossul que estava cercada por ruínas
Francisco discursou diante de ruínas de igrejas cristãs em Mossul, cidade que havia sido ocupada por terroristas do "Estado Islâmico" até 2017Foto: Vincenzo Pinto/AFP/Getty Images

Francisco, que completou 88 anos nesta terça-feira, escreveu ainda que "quase todos me desaconselharam" a viajar ao Iraque, "mas senti que tinha que fazer isso".

A histórica visita de três dias em março de 2021 ocorreu mediante a mobilização de um intenso aparato de segurança – cerca de 10 mil policiais iraquianos foram destacados para proteger o papa. Essa havia sido a primeira viagem de Francisco em 15 meses e ocorreu ainda em meio à pandemia da Covid-19.

Apesar do elevado risco à sua segurança pessoal, o papa argentino cruzou o país, indo a Bagdá e Mossul, antigo bastião do grupo "Estado Islâmico" (EI), que permaneceu sob controle do grupo terrorista entre 2014 e 2017.

Na ocasião, Francisco visitou as ruínas de igrejas de diferentes denominações cristãs destruídas durante um reinado de terror do EI e fez um apelo pela paz. O papa ainda exortou a comunidade cristã do país, que vem sofrendo há décadas um declínio acelerado, a perdoar as injustiças cometidas contra eles pelos extremistas.

Papa Francisco conclui viagem histórica ao Iraque

A autobiografia Esperança foi escrita em colaboração com o editor italiano Carlo Musso ao longo de seis anos. A obra será lançada simultaneamente em 14 de janeiro de 2025 em 80 países. No Brasil, a obra será publicada pela editora Companhia das Letras.

jps/ra (AFP, AP, ots)